quarta-feira, 23 de maio de 2012

Porcentagem dos Distúrbios no Brasil

CRIANÇAS APRESENTAM 40% DE DIFICULDADE ESCOLAR. SOMENTE 7% TÊM DISTÚRBIO DE APRENDIZAGEM Quais são os maiores distúrbios do aprendizado no Brasil e em qual porcentagem eles ocorrem? Antes de falarmos em distúrbio da aprendizagem, cabe uma ressalva na definição do mesmo. Considero Distúrbio de Aprendizagem (DA) como uma disfunção do Sistema Nervoso Central, portanto, um problema neurológico relacionado a uma falha na aquisição ou no processamento ou ainda no armazenamento da informação, envolvendo áreas e circuitos neuronais específicos em determinado momento do desenvolvimento. E, considero como tendo uma Difi culdade Escolar (DE) a criança que não aprende por ter um problema pedagógico, relacionado à falta de adaptação ao método de ensino, à escola ou que tenha outros problemas de origem acadêmica. Assim, a porcentagem de crianças com DE, no Brasil, gira em torno de 30 a 40% da população que freqüenta os primeiros anos escolares e a porcentagem de DA fica em torno de 5 a 7% nesta mesma população. Gostaria de afirmar que os números relacionados aos DA não mudam mesmo em países desenvolvidos, só mudando drasticamente a população de DE, que nestes países encontra-se em torno de 10 a 15% de crianças nos primeiros anos escolares. Os principais DA de forma geral são: Dislexia – Falha no processamento da habilidade da leitura e da escrita, durante o desenvolvimento Disgrafia – Falha na aquisição da escrita Discalculia – Falha na aquisição da capacidade e habilidade de lidar com conceitos e símbolos matemáticos. Dentro dos distúrbios específicos da aprendizagem, a Dislexia é teoricamente o mais comum, porém, na prática o que se vê com maior freqüência, é, sem dúvida, o distúrbio generalizado de leitura, escrita e raciocínio matemático. Como o professor da escola pública – e até da privada – pode detectar um distúrbio de aprendizagem e encontrar soluções para este aluno? O professor tem condição de sozinho solucionar este problema ou deve procurar outros profissionais? Costumo dizer que o DA é sem dúvida o mais inter e multidisciplinar dos temas, porque ele precisa do envolvimento de vários profissionais e mescla em seu conteúdo as áreas da saúde, educação, assistência social. Atualmente o professor sozinho em sala de aula não consegue detectar os DA, mas avalia com precisão as DE. Enquanto o DA requer uma equipe de diagnóstico especializada, além de trabalhos de intervenção e remediação, os DE só requerem um professor capacitado e condições para que ele possa desenvolver adequadamente o seu trabalho, fato que nem sempre acontece em nossas escolas. Mas, se o professor em sala de aula pudesse atender as crianças com problemas de ordem acadêmica, com recursos e integração de informações, com certeza procurariam o profissional especializado apenas uma pequena parte dessa população que efetivamente apresenta o problema neurológico. Quais as conseqüências para a criança que não tem o seu distúrbio diagnosticado e atendido? Este problema leva à evasão escolar? A criança com DA ou DE é uma vítima no que chamo de ciclo do não aprender, que começa com o professor em sala de aula frente a uma criança que, apesar de ter todas as necessidade e oportunidades, não aprende como a maioria. Essa criança, então, é encaminhada a um posto de saúde onde o pediatra constata que ela não tem absolutamente nada; e, encaminha para outros profissionais da saúde como psicólogos, fonoaudiólogos, pedagogos especializados, fi sioterapeutas, todos avaliando e chegando a conclusões que podem constatar pequenos problemas, mas todos compatíveis com a normalidade. Com isso a criança perde em torno de 1 a 2 anos, possibilitando repetências (que agora infelizmente não existem mais, hoje em dia é extremamente comum vermos crianças que chegam a 4a. série do 1o. grau sem saber ler e escrever), evasão escolar (onde a criança abandona a escola por emprego na tentativa de solucionar um problema social da família), mas além de tudo, e principalmente gera frustração para família e rótulos para criança de difícil dissolução. Como um professor que possui 40 alunos – alguns deles pessoas portadoras de deficiências e incluídos socialmente – deve lidar com estas disparidades. Como individualizar a atenção nestas condições? Acho que o professor não foi preparado para esta árdua tarefa, lidar com disparidades é uma coisa sem propósito. Acredito na inclusão, acho que nenhum ser humano deve ser discriminado socialmente, mas também acredito que da forma como está, a escola como um todo e não só o professor terão dificuldade em lidar com uma classe onde hajam DA, DE, TDA, Distúrbios Sensoriais e Mentais, Problemas Comportamentais, entre outros. Acho que antes de tudo é preciso saber avaliar, saber distinguir, saber e querer mudar, para só então falarmos em unir respeitando cada criança em seu desenvolvimento, habilidades, necessidades e individualidade, porque só dessa forma a aprendizagem será efetiva e a escola cumprirá o seu papel. Qual o papel dos Núcleos de Apoio Pedagógico e das entidades que atendem distúrbios da fala, deficiência visual-auditiva, déficit de atenção, psicomotor etc. no processo de inclusão social? Acredito que eles poderiam ser a ponte ou o suporte para escola, como já mencionei sou talvez a pessoa que mais tem “lutado” pela interdisciplinaridade e coesão de linhas de pensamento. Acho que efetivamente devemos unir esforços e profissionais para amenizar o problema da criança sobre todos os aspectos. Como a família e a escola podem ajudar o aluno com distúrbio de aprendizado? A família tem papel fundamental na aprendizagem porque deve estimular, motivar, promover a criança e a escola deve abrir-se e enfrentar um problema real, sofrer mudanças, procurar soluções e parcerias. Não existe criança que não aprenda, ela sempre irá aprender, algumas mais rápidas outras mais lentamente, mas a aprendizagem com certeza absoluta se processará, independentemente da via neurológica usada, mas utilizando-se de uma associação infalível, baseada em vertentes básicas: ambiente adequado + estímulo + motivação para + organismo, talvez essa seja a chave que procuramos para os DA e DE. Fonte: Profa. Dra. Silvia Ciasca do Departamento de Neurologia da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, especialista que discorreu sobre distúrbios de aprendizado, dificuldade escolar e a importância do professor em sala de aula e das equipes multidisciplinares. Transtorno do Déficit de Atenção/Hiperatividade O transtorno do déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) é um problema bastante comum: afeta de 3 a 7% das crianças em idade escolar e freqüentemente leva a dificuldades de aprendizado. Está associado a prejuízo significativo da vida escolar, social ou profissional (em 60% dos casos, persiste na idade adulta). Antes do nome atual o TDAH já foi chamado de “dano cerebral mínimo” ou de “disfunção cerebral mínima”, nomes que atualmente já não são mais usados (desde 1987). O TDAH se caracteriza por dificuldades em manter a atenção, hiperatividade e pouco controle dos impulsos, com combinação variada destes fatores. Existem tratamentos, com medicamentos e apoio específico, que diminuem bastante as dificuldades causadas pelo TDAH. Existem famílias nas quais o TDAH é mais comum. Também há maior freqüência em meninos que em meninas (proporção de 4:1) e nas meninas muitas vezes não há grande hiperatividade, dificultando o diagnóstico. Nos adultos o diagnóstico também é mais difícil. No TDAH ocorre uma alteração na relação entre as áreas de controle de atenção e movimento com a área frontal do cérebro (a área frontal funciona como um orientador de todas as nossas ações). Isso causa uma dificuldade em inibir os impulsos levando a distratibilidade e movimentação exagerados. Algumas substâncias chamadas neurotransmissores (dopamina e noradrenalina) estão envolvidos na disfunção. Além do tratamento com medicamentos, o apoio de profissionais de educação é uma ferramenta fundamental na reabilitação. O diagnóstico só pode ser feito por pessoa especializada – de preferência, por uma equipe multidisciplinar (composta de vários profissionais, como médico, psicólogo, pedagogo, fonoaudiólogo) - pois não basta apresentar alguns sintomas para se fechar o diagnóstico, deve-se ainda verificar se os sintomas trazem prejuízo significativo do rendimento e ainda, devesse descartar outras possíveis causas para o sintoma (como por exemplo, a deficiência mental, os distúrbios de linguagem, ou outros quadros de hiperatividade secundária. Veja no quadro alguns dos sintomas usados no diagnóstico. Desatenção - deixa de prestar atenção a detalhes; comete erros por descuido; - tem dificuldades em manter atenção em atividades lúdicas; - parece não escutar quando lhe dirigem a palavra; - não segue instruções ou não termina seus deveres / tarefas; - tem dificuldades em organizar tarefas e atividades; - evita envolver-se em tarefas que exijam esforço mental; - perde coisas necessárias para tarefas ou atividades; - é facilmente distraído por estímulos alheios à tarefa; - apresenta esquecimento em atividades diárias. Hiperatividade/Impulsividade - agita as mãos e os pés, se remexe na cadeira - abandona sua cadeira em sala de aula, não permanece sentado - corre ou escala em demasia, mesmo em situações inapropriadas - tem dificuldade em brincar silenciosamente - age freqüentemente “a todo vapor” - fala em demasia - dá respostas precipitadas, antes de se completar a pergunta - tem dificuldade em aguardar sua vez - interrompe ou se mete em assuntos de outros Dr. David Willians da Silva, Neurologista

Um comentário:

  1. Por favor me envie seu nome completo para que eu possa completar meu TCC sobre dificuldades de aprendizagem?

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